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Mestre Pastinha, nascido Vicente Ferreira Pastinha em 5 de abril de 1889, na Rua do Tijolo, Salvador, Bahia, é uma figura imponente na história da Capoeira Angola. Filho de José Senhor Pastinha, um comerciante espanhol, e Eugênia Maria de Carvalho, uma lavadeira e vendedora de acarajé de Santo Amaro da Purificação, Pastinha foi o caçula de três irmãos. Sua vida, marcada por desafios e dedicação, moldou a capoeira como a conhecemos hoje.
Aos 10 anos, em 1899, Pastinha iniciou sua jornada na capoeira com o africano Benedito, um angolano que residia próximo à sua casa. Essa iniciação, longe de ser formal, foi fruto de um encontro fortuito. Em um de seus relatos, Pastinha descreve como Benedito, observando-o apanhar em brigas de rua, o convidou a aprender a "malandragem" da capoeira. "Você não pode brigar com aquele menino, aquele menino é mais ativo do que você, aquele menino é malandro", disse Benedito. Assim, entre idas à escola e pausas da pintura – sua primeira paixão e profissão –, Pastinha mergulhava nos ensinamentos de Ginga e golpes com o velho mestre.
Em 1902, Pastinha ingressou na Escola de Aprendizes-Marinheiros, onde permaneceu por oito anos. Lá, além de aprimorar suas habilidades em capoeira, aprendeu a tocar trompa, integrar uma banda e praticar esgrima. Foi nesse período que começou a ensinar capoeira a seus colegas, ganhando o apelido de "110" no Largo da Conceição da Praia.
Após deixar a Marinha em 1910, Pastinha trabalhou como pintor, pedreiro e em outras diversas profissões. No entanto, sua paixão pela capoeira e pelo ensino nunca esmoreceu. Ele abriu sua primeira escola em um salão de bicicletas no Mirante do Campo da Pólvora, em Salvador, atraindo alunos como Raimundo, Zeca, João Fortunato e João Moleque. Entre 1913 e 1941, Pastinha se afastou da prática devido à forte repressão da época, que mantinha a capoeira na ilegalidade.
O retorno triunfal de Mestre Pastinha à capoeira aconteceu em 23 de fevereiro de 1941, quando foi convidado a assistir a uma roda no bairro da Gengibirra. Lá, ele se tornou o guardião do Centro Esportivo de Capoeira Angola, um nome que ele mesmo atribuiu ao local, fundado pelos "Bambas da Gengibirra". Em 1949, o centro se instalou na fábrica de sabonete no Bigode, adotando as cores preto e amarelo em suas camisas, inspiradas no Clube Atlético Ypiranga. Pastinha inovou ao organizar a Capoeira Angola, criando um sistema de graduações com carteirinhas e diplomas, e cargos para dinamizar a roda, como mestre de campo, mestre de bateria e contramestre.
Mestre Pastinha não apenas formalizou a Capoeira Angola, mas também documentou seus ensinamentos. Em 1964, lançou o livro "Mestre Pastinha Capoeira Angola". Em 1966, representou o Brasil no Festival Mundial das Artes Negras, na África, ao lado de alunos notáveis como Gato Preto, Camafeu de Oxóssi e João Grande. Contudo, essa viagem trouxe uma trombose que afetou sua visão.
Apesar de sua imensa contribuição para a capoeira, Mestre Pastinha enfrentou uma vida de privações e pobreza, culminando na perda de sua visão devido ao glaucoma e catarata. Em 1971, aos 82 anos, foi despejado de sua sede no Pelourinho e obrigado a viver em condições precárias.
Mestre Pastinha faleceu em 13 de novembro de 1981, aos 92 anos, cego e quase paralítico, em um abrigo para idosos. Sua morte não apagou seu legado; pelo contrário, solidificou sua imagem como um dos maiores mestres da capoeira, um símbolo de resistência e guardião de uma arte que ele ajudou a elevar a um patamar de reconhecimento mundial. Sua visão, seus ensinamentos e sua paixão continuam a inspirar gerações de capoeiristas em todo o mundo.
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Fonte :Capoeira Desenhada
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