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A capoeira, essa expressão cultural brasileira que mescla luta, dança, música e acrobacias, vive um constante debate sobre sua essência e caminhos. Longe de ser um corpo homogêneo, a modalidade se divide em vertentes e estilos, gerando discussões acaloradas sobre o que é "autêntico" e o que representa a evolução natural da prática.
O Legado de Mestre Bimba e a Capoeira Regional
No cerne dessa discussão, figura a herança de Mestre Bimba, criador da Capoeira Regional. Um capoeirista que se identifica como ex-aluno de Bimba, e que dedicou sua vida exclusivamente à capoeira, traz uma perspectiva única. Ele, que se considera o "único aluno" de Bimba a ter a capoeira como única prática, critica a rotulação e a descaracterização que, segundo ele, afetam tanto a "Capoeira Angola" quanto a "Capoeira Regional" na atualidade.
Para ele, muitos dos que se autodenominam "regionais" são apenas indivíduos fortes fisicamente, sem o entendimento profundo da malícia e eficiência da capoeira. Da mesma forma, os supostos "angoleiros" muitas vezes se limitam a rituais, sem a verdadeira essência da luta. Essas "falsas" representações, espalhadas pelo Brasil, denigrem a arte e obscurecem o valor dos mestres antigos, cuja sabedoria não é facilmente perceptível para os olhos menos experientes.
A Capoeira como Caminho de Vida e a Quebra de Paradigmas
A trajetória pessoal desse capoeirista é um testemunho de sua paixão. Tendo aprendido capoeira nas ruas de Salvador desde criança, ele se formou cedo e, mesmo após a experiência com Mestre Bimba, recusou-se a se limitar a um único estilo. Para ele, Mestre Bimba ensinou a não ser uma cópia, a ter um espírito criativo e evolutivo. "Mestre Bimba traiu o mestre dele por criar a Capoeira Regional, então eu estou traindo ele se for o caso, porque eu não ensino Capoeira Regional", afirma, provocando e defendendo sua liberdade de expressão na arte.
Ele argumenta que a Capoeira Regional de Bimba foi uma necessidade de sua época, e que a capoeira, como um organismo vivo, precisa se adaptar. Mestre Bimba, em vida, já havia modificado sua prática diversas vezes, e se estivesse vivo, continuaria a evoluir. A "rotulação" e a tentativa de seguir à risca um modelo do passado, para ele, são um desserviço à inteligência e ao legado de inovação de Bimba.
A Busca pela Capoeira "Contemporânea" e a Crítica à Estagnação
Após anos ensinando a capoeira de Mestre Bimba, ele sentiu a necessidade de mudar, de pesquisar e de adaptar a prática para os dias atuais. Sua pesquisa o levou a experimentar diferentes métodos de ensino, e a constatação de que alunos sem uma sequência rígida eram mais criativos e espontâneos. Ele defende a sequência como ferramenta de aprendizado, mas não como limitador da expressividade.
Sua busca por aprimoramento o levou a pesquisar não apenas em outras artes marciais, mas também no balé, na ginástica olímpica, na ópera – em tudo que pudesse enriquecer a capoeira. Essa abordagem holística, que ele define como sua "universidade", permitiu-lhe desenvolver uma capoeira que prioriza a criatividade, a eficiência e a adaptabilidade, sem se prender a rótulos de "Angola" ou "Regional". "Eu não sou angoleiro, nem me sinto regional, eu me sinto capoeirista", resume.
Para ele, a capoeira contemporânea se caracteriza por maior velocidade e um uso mais consciente do corpo, resultado de suas pesquisas e experimentações. Ele critica a estagnação de muitos capoeiristas que, por não evoluírem, acabam "rebaixando" o legado de mestres como Bimba. Sua paixão pela capoeira é inabalável, e sua crença na sua constante evolução é a força motriz de seu trabalho, buscando sempre o enriquecimento e a profissionalização dessa arte tão rica e complexa.
Fonte: Mundo Histórico da capoeira
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