O Fascínio de Highlander — Uma Jornada no Caos Cinematográfico
A sétima arte frequentemente nos brinda com obras-primas que se consagram pela qualidade de seus roteiros, atuações e efeitos visuais. Entretanto, existe uma categoria singular que capta nosso coração sem se preocupar com a lógica e a racionalidade: os chamados "filmes ruins que amamos". Um dos maiores representantes desse fenômeno é Highlander, um filme que, a despeito de seu fracasso financeiro, se tornou um clássico cult.
Como pode um filme que não deu lucro ganhar uma continuação e, mesmo assim, conquistar uma legião de fãs? Tal pergunta ressoa toda vez que abordamos o universo de Highlander. Estrelando um escocês imortal que só morre ao ter a cabeça cortada, o filme é um amálgama de cenas divertidas, efeitos questionáveis e um roteiro que desafia a lógica. Em suma, é uma montanha-russa de absurdos que nos convida a suspender a incredulidade e mergulhar em sua proposta única.
A narrativa começa em um futuro que já pode ser considerado passado, cercada de guerras e expedições. Conor MacLeod, interpretado por Christopher Lambert, surge em uma batalha medieval, onde uma espada brilha em meio ao caos. As faíscas que animam as lutas são geradas de maneira rudimentar, mas isso só aumenta o charme tosco da produção, reforçando a estética dos anos 80. A presença de erros que a lógica não consegue explicar, como a aparição de acessórios impossíveis de disfarçar, como uma espada escondida em sua coluna ativa nossa curiosidade.
E o que dizer da trilha sonora? As músicas da célebre banda Queen podem ser a fineza que emoldura a trama, mas o roteiro dá espaço a momentos de pura comédia involuntária. Ao lado de diálogos que soam estranhos, como “só pode haver um”, vemos um jogo de repetição que se torna irônico à medida que se desmesura. Em meio a tantos impactos visuais e de enredo, é difícil não nos deixarmos envolver por essa bizarra e caótica jornada.
Highlander não se limita a um enredo linear. A narrativa salta entre passado e presente, deixando o espectador confuso, mas também agitado. As sequências de ação são antigas, mas a teatralidade e as luta ridículas tornam cada cena uma atração por si só. Cada corte, cada grito, e cada giro é como um lembrete do quanto a cultura pop pode amar a imperfeição.
Enquanto assistimos ao desfecho da luta entre imortais, percebemos que, além dos erros de continuidade e da falta de lógica, o coração de Highlander reside na sua capacidade de nos entreter. O filme propõe um questionamento: seria a imperfeição a verdadeira essência da arte? E mesmo que seu orçamento de 19 milhões tenha resultado em uma bilheteira de apenas 12.8 milhões, Highlander encontrou sua redenção no amor dos fãs.
A complexidade dos filmes cult é que, muitas vezes, são experiências universais que transcendem a razão. Eles abraçam a confusão, a inconsistência e o inconsciente coletivo, nos levando a rir, chorar e, muitas vezes, a não levar a nossa própria maturidade tão a sério. Portanto, ao revisitar Highlander, somos lembrados de que nem sempre precisamos de perfeição; às vezes, tudo que precisamos é de um pouco de faísca e muito coração.
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